É comemorado de 23 de
fevereiro a 1º de março.
Ponche Verde é uma região assim denominada pelas
suas verdes campinas. O local onde se concluíram as negociações foi nos campos
da Carolina, a margem direita do rio Santa Maria, a 38 km de Dom Pedrito / RS.
Breve Histórico:
O
Tratado de Ponche Verde, Convenção de Ponche Verde ou Paz de Ponche Verde é o nome dado a um acordo que pôs fim à Guerra dos Farrapos, e o território
litigante voltou a fazer parte do Império do Brasil, do Imperador Dom Pedro II.
É aceita como data de sua assinatura
o dia 1º de março de 1845, quando foi anunciado a paz.
O tratado de paz que teve ata firmada
em 25 de fevereiro 1845, tem apenas assinaturas dos oficiais republicanos (os farroupilhas – como Davi
Canabarro que está no comando das tropas rio-grandenses) , Gomes Jardim que era
Presidente da Republica não assinou, nem
o Barão de Caxias. Apenas encaminhou uma proclamação com data de 1º
março de 1845 declarando o fim da luta e
prometendo, por carta, à Canabarro que cumpriria as concessões acertadas em
Ponche Verde por Vicente da Fontoura (rio-pardense).
Jamais o Império assinaria um tratado
de paz com os rio-grandenses ou qualquer província. Seria reconhecer a
Republica então proclamada. Infelizmente o General Canabarro e o Major Fontoura
eram os únicos que sabiam das instruções reservadas recebidas por Caxias do
Imperador, datada de 18/12/1844.
As condições de paz ou, melhor, a Ata
de Pacificação, feita pelos farroupilhas, foram lidas em 25 de fevereiro, por
Antonio Vicente da Fontoura, nos seguintes termos:
·
Art.
1° - Fica nomeado Presidente da Província o indivíduo que for indicado pelos
republicanos.
·
Art.
2° - Pleno e inteiro esquecimento de todos os atos praticados pelos
republicanos durante a luta, sem ser, em nenhum caso, permitida a instauração
de processos contra eles, nem mesmo para reivindicação de interesses privados.
·
Art.
3° - Dar-se-á pronta liberdade a todos os prisioneiros e serão estes, às custas
do Governo Imperial, transportados ao seio de suas famílias, inclusive os que
estejam como praça no Exército ou na Armada.
·
Art.
4° - Fica garantida a Dívida Pública, segundo o quadro que dela se apresente, em
um prazo preventório.
·
Art.
5° - Serão revalidados os atos civis das autoridades republicanas, sempre que
nestes se observem as leis vigentes.
·
Art.
6° - Serão revalidados os atos do Vigário Apostólico.
·
Art.
7° - Está garantida pelo Governo Imperial a liberdade dos escravos que tenham
servido nas fileiras republicanas, ou nelas existam.
·
Art.
8° - Os oficiais republicanos não serão constrangidos a serviço militar algum;
e quando, espontaneamente, queiram servir, serão admitidos em seus postos.
·
Art.
9° - Os soldados republicanos ficam dispensados do recrutamento.
·
Art.
10° - Só os Generais deixam de ser admitidos em seus postos, porém, em tudo
mais, gozarão da imunidade concedida aos oficiais.
·
Art.
11° - O direito de propriedade é garantido em toda plenitude.
·
Art.
12° - Ficam perdoados os desertores do Exército Imperial.
Assinada a paz em Ponche Verde,
exclusivamente pelos farroupilhas, David Canabarro redigiu uma proclamação em
que anunciava o fim da Guerra dos Farrapos. O texto tem data de 28 de fevereiro
1945:
“Concidadãos! Competentemente autorizado pelo magistrado civil a quem
obedecíamos e na qualidade de Comandante –em –chefe, concordo com unânime
vontade de todos os oficias da força de meu comando, vos declaro que a guerra
civil que há mais de nove anos devasta este belo país está acabada.
Concidadãos! Ao desprender-me do grau que me havia confiado o poder que
dirigia a revolução, cumpre-me assegurar-vos que podeis volver tranquilos ao
seio de vossas famílias. Vossa segurança individual e vossa propriedade estão
garantidas pela palavra sagrada do monarca e o apreço de vossas virtudes
confiado ao sei magnânimo coração. União, fraternidade, respeito às leis e
eterna gratidão ao ínclito Presidente da Província, o ilustríssimo e
excelentíssimo Barão de Caxias, pelos afanosos esforços na pacificação da
Província.”
Terminou assim a Guerra dos Farrapos, que, apesar da vitória do Império do
Brasil contra a República Rio-Grandense, significou a consolidação do Rio
Grande como força política dentro do país.
Bibliografia retirada do livro: A Terra dos Quatro Ventos – de Juarez Nunes da Silva.
Fatos interessantes:
* A paz assinada em fevereiro, só foi
proclamada no dia 1º de março, quando Bento Gonçalves foi informado da nova
condição. A comemoração ocorreu em Bagé, no dia 4 de março, onde a população
teceu faixas bordadas com fios de prata e ouro que foram oferecidas às
lideranças. Duas delas foram entregues a igreja e, posteriormente, ao Museu Dom
Diogo de Souza, onde estão até hoje.
* Sabido das condições de paz
apresentadas por Vicente da Fontoura e David Canabarro, muitos farroupilhas
preferiram bandear-se para terras uruguaias, como o General Neto, o Coronel
Daniel Gomes de Freitas e o Padre Hildebrando, entre outros.
* Em 3 abril 1945 – 100 anos, foi
inaugurado um obelisco de granito no local do Convênio de Ponche Verde,
organizado pelo instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, com as
armas nacionais e o estudo rio-grandense. Há uma inscrição com dizeres:
“N esses campos de Ponche Verde, em primeiro de março de 1845, os
defensores do Império e os republicanos de Piratini asseguram a unidade
nacional, com a pacificação do Rio Grande do Sul.”
* Não houve de forma alguma, como retratado erradamente na série "A Casa das Sete Mulheres", formatura formal com a presença de representações dos dois Estados, até porque a tal "paz" não tinha unanimidade junto aos farrapos. Se as duas tropas ficassem frente a frente, seria provável que os aço esquentassem. Por razão suposta de que os brios dos farrapos poderiam ser feridos, não há nada publicado nas convenções de leis e decretos imperiais na época sobre o documento de "anistia" aos rebeldes. Ainda bem.
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