CABO TOCO – BREVE
BIOGRAFIA
Imagem
escaneada: recorte de jornal emprestado pela amiga de Cabo Toco, professora
Vilma Zanini.
Título da matéria:
Brigada perde sua heroína
Jornal do Povo, 22 de
outubro de 1989
Enquanto reverenciamos Anita Garibaldi, que é
claro, teve seus méritos, penso... Porque reverenciamos uma catarinense e nos
esquecemos da gaúcha Olmira? Essa sim, gaúcha de Caçapava, foi enfermeira e
combatente na Revolução de 1923 - "Debaixo do talabarte, há um coração de
mulher" Relembramos Cabo Toco, primeira mulher gaúcha a
ostentar a farda da Brigada Militar.
Olmira
Leal de Oliveira, conhecida como "Cabo Toco", nasceu no dia 18 de
junho de 1902 em Caçapava do Sul, filha de Francisco José Oliveira e ......
(?)* Coelho Leal de Oliveira.
*
Encontrei dois nomes diferentes.
Na
década de 20, integrou as fileiras da Brigada Militar, como combatente e
enfermeira do 1º Regimento de Cavalaria, hoje 1º Regimento de Polícia Montada,
sediado em Santa Maria. Participou dos movimentos revolucionários de 1923, 1924
e 1926. Ela incorporou em 1923 e só deixou a Brigada em 1932.
Olmira
era natural da localidade de Camaquã, em Caçapava do Sul.
Em
1951, casou-se com Antônio Martins da Silva, mas não teve filhos.
Faleceu
em 21 de outubro de 1989 com 87 anos.
Recebia
até então uma pensão vitalícia especial, correspondente ao cargo de 2º sargento
da Brigada Militar concedida havia dez anos por parte do Governo do estado
Sua
figura ficou conhecida em 1987, quando a intérprete Fátima Gimenez venceu a V
Vigília do Canto Gaúcho contando sua história na música "Cabo Toco".
Ela
também é patrona da 1ª turma de PMs femininas do estado. Ijuí também homenageou
Cabo Toco com o seu nome a uma rua da cidade bem como ao CTG do 9º Batalhão da
Polícia Militar da mesma cidade (Jornal do Povo, 18 de agosto de 1991).
O
Cabo Toco, apesar de atos heroicos dentro do 13º Regimento de Cavalaria da
Brigada Militar durante as revoluções de 1923 e 1924, depois de passar por
várias batalhas com destaque de bravura, em 1932 deixou a corporação. Apesar de
ter sido considerada heroína, Olmira Leal de Oliveira só conseguiu receber um
soldo do Governo do estado depois que Nilo Brum e Heleno Gimenez venceram a V
Vigília do Canto Gaúcho com uma composição em sua homenagem. Mesmo assim, ela
morreu em 1989 morando em um barraco na zona periférica da cidade.
REVOLUÇÃO DE 1923
A Revolução de 1923 foi o movimento armado ocorrido
durante onze meses daquele ano no estado do Rio Grande do Sul, Brasil,
em que lutaram, de um lado, os partidários de Borges de Medeiros (borgistas ou Chimangos, que
tinham como distintivo ou característica o lenço de gaúcho, ao pescoço na cor
branca) e, de outro, os aliados de Joaquim Francisco de
Assis Brasil (assisistas
ou maragatos que tinham como distinção, distintivo ou característica o
lenço gaúcho ao pescoço na cor vermelha).
Olmira Leal, a Cabo
Toco e Vilma Zanini em 1985 do Seminário 70 anos de Antônio Chimango, Livro de
Ramiro Barcelos. Esta foto está publicada na Página do Passado do Jornal do
Povo e também na matéria intitulada "Cabo Toco combateu maragatos em
1923", no jornal Zero Hora em 19 de setembro de 1997.
A HIPOCRISIA CACHOEIRENSE
Observar ou discutir a
cultura dominante em Cachoeira do Sul tem sido uma constante de "papo
furado". Pouco, aliás nada na água estagnada, tem saído do verbal.
Acostumados a ver a "valorização do recurso humano cachoeirense" na
solidão da espera, aplaudimos o abandono. Um exemplo vivo, "Cabo
Toco" vencendo a Vigília em 1987, aplaudidíssima, com presença da
personagem que absorveu a atenção da cidade. Bandeira de alguns políticos na
época, buscou-se o "amparo" para a cachoeirense mais popular,
naqueles dias, orgulho da terra do arroz. Da poesia para a realidade, o tempo
vai passando e continua o mofo do desrespeito à vida, numa cidade de memória
agonizante. Não é difícil encontrarmos na noite cachoeirense, pelas ruas do abandono,
a "heroína Cabo Toco", como é popularmente conhecida Olmira Leal de
Oliveira, a passos lentos e cansada, solitária, levando consigo a história que
o povo desconhece, esquecida pela hospitalidade da falsa capital do arroz. Na
madrugada de terça-feira, às 2h, encontrei-a na avenida Brasil, carregando no
corpo por mais de 15 minutos, o tempo que levou para percorrer uma quadra - a
do Supermercado Tischler até o Bar Azul, o peso de uma existência árdua. Uma
verdade ante a excessiva hipocrisia cachoeirense. Eu questiono: "Será
isso, desrespeito ao ser humano ou ignorância da sociedade?"
Roberto Cardoso
Jornal do Povo, 26 de
fevereiro de 1989
Banco de Dados do Museu
Municipal - Patrono Edyr Lima
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